opinião

O alfabeto de 2017



O ano de 2017 foi um ano realmente conturbado. Para esta primeira semana de 2018, resolvi fazer uma retrospectiva a partir do alfabeto. Começamos com a letra "a", de Aécio Neves, que solicitou a Joesley Batista R$ 2 milhões para pagar advogados para sua defesa na operação Lava-Jato. A segunda letra, de Belchior, compositor de Velha Roupa Colorida, uma música que parece atual: "Você não sente nem vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo, que uma nova mudança em breve vai acontecer". O "c" é de Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), que homologou a delação premiada de 77 executivos da Odebrecht para que a Operação Lava-Jato continuasse seu rumo. A letra de "d", refere-se ao desemprego. No ano passado, chegamos a 13,7% da população sem emprego, e esse desemprego que está baixando os preços e os juros. O "e", que neste caso pode ter um "x", Eike Batista, preso por corrupção ligada ao governo do Rio de Janeiro, está solto, e aposto que todos sabem quem mandou soltar.

A letra "f", de "fake news", as notícias falsas foram protagonistas em redes sociais. A sétima letra tem dono e destaque no ano passado, "g", de Gilmar Mendes. Sim, ele soltou Eike Batista, Jacob Barata Filho (conhecido como rei do ônibus), Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho e Adriana Alcelmo (até a publicação deste artigo, mais personalidades podem ter sido soltas). A letra "H", sim, é maiúsculo, refere-se a Heley de Abreu Silva Batista, professora de 43 anos que faleceu ao salvar diversas crianças, num incêndio criminoso a escola de Janaúna, em Minas Gerais. A letra "i", de inflação, que parece controlada, mas prefiro adormecida. A letra "j", de Jair Bolsonaro, figura caricata, que neste momento responde a duas ações penais no STF, por apologia ao estupro e injúria. A letra "k", de Kevin Spacey, astro da série americana House of Cards, denunciado por assédio sexual ocorrido em 1986.

O "l" só podia ser de Lava-Jato, com 603 pessoas investigadas, 95 acusados que respondem a seis ações penais que somam R$ 10,3 bilhões. Michel Temer fica com o 13º espaço do alfabeto como o presidente mais impopular da nossa recente história. A letra "n", de Neymar Júnior, com a transação milionária para o Paris Saint-Germain. A letra "o", de Odebrecht, o sobrenome que carrega o "peso" da corrupção. O "p", de Papa Francisco, que se posicionou em temas como desigualdade, intolerância, crise ambiental e mantém mais de 35 milhões de seguidores nas redes sociais. A letra "q", de "Queermuseu", revelou que extremistas conservadores estão entre nós. O "r", de reforma, trabalhista ou da previdência, ambas trarão impacto à vida de todos. A letra "s", de Selic, a taxa de referência de nossa economia, atingiu o patamar de 7% a.a. A letra "t", de transgênero, tema de muito debate que chegou até a novela. A letra "u", de universidades, as públicas que agonizam com os cortes de verbas. A letra "v", de Vladimir Putin, agora anfitrião da Copa do Mundo. O "w" é dele, Wesley Batista. O "x" para a xenofobia, infelizmente, crescente. A letra "y", de youtubers, os fenômenos da internet. A letra de "z" é da zebra, que vem para lembrar do que aconteceu em 2017 e não pode acontecer nas eleições presidenciais de 2018.

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